18 de abril é a data escolhida para celebrar a literatura infantil nacional. Isso porque, nesse dia, em 1882, nascia o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira. Portanto, é uma data que celebra esse tipo de literatura e homenageia esse escritor, autor não só de textos para crianças, apesar de ser mais conhecido por eles.
Além dos livros de Monteiro Lobato, o público infantojuvenil conta com outras grandes obras nacionais e internacionais para o seu entretenimento e, acima de tudo, para pensar sobre a realidade. Por exemplo: O meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos; Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol; As aventuras de Pinóquio, de Carlo Collodi; O mágico de Oz, de L. Frank Baum; e Viagem ao centro da Terra, de Júlio Verne.
Tópicos deste artigo
- 1 – Por que o Dia Nacional do Livro Infantil é no 18 de abril?
- 2 – O que se comemora no Dia Nacional do Livro Infantil?
- 3 – Monteiro Lobato
- 4 – Cinco grandes obras da literatura infantojuvenil
Por que o Dia Nacional do Livro Infantil é no 18 de abril?
O Dia Nacional do Livro Infantil foi criado pela Lei no 10.402, de 8 de janeiro de 2002: “Art. 1o Fica instituído o Dia Nacional do Livro Infantil, a ser comemorado, anualmente, no dia 18 de abril, data natalícia do escritor Monteiro Lobato”. Portanto, a data foi escolhida para homenagear o escritor Monteiro Lobato, considerado o pioneiro, o pai da literatura infantil brasileira.
Monteiro Lobato (1882-1948) não escreveu apenas para o público infantil. Sua literatura para adultos está inserida no pré-modernismo, período literário que compreende os anos de 1902 a 1922. No entanto, escrever para crianças deu a ele projeção nacional. Principalmente, após a sua morte, quando a série Sítio do Picapau Amarelo foi adaptada para a televisão.
As personagens Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia e Dona Benta exploram um mundo de fantasia, que dialoga com personagens e fatos históricos e com o folclore nacional. A série Sítio do Picapau Amarelo é composta pelos seguintes títulos:
- O saci (1921)
- Fábulas (1922)
- Aventuras de Hans Staden (1927)
- Memórias de Emília (1930)
- Reinações de Narizinho (1931)
- Viagem ao céu (1932)
- História do mundo para as crianças (1933)
- Caçadas de Pedrinho (1933)
- Emília no país da gramática (1934)
- Aritmética da Emília (1935)
- Geografia de Dona Benta (1935)
- História das invenções (1935)
- Memórias da Emília (1936)
- Dom Quixote das crianças (1936)
- Histórias de Tia Nastácia (1937)
- O poço do Visconde (1937)
- Serões de Dona Benta (1937)
- O picapau amarelo (1939)
- A reforma da natureza (1939)
- O Minotauro (1939)
- A chave do tamanho (1942)
- Os doze trabalhos de Hércules (1944)
- No tempo de Nero (1947)
- Histórias diversas (1947)
O dia 18 de abril é uma oportunidade para homenagear Monteiro Lobato e sua obra para crianças. Não obstante, mais do que isso, é uma data que celebra a literatura infantil brasileira como um todo. Dessa forma, autoras e autores desse gênero, bem como seus livros, são lembrados nessa ocasião.
É também o momento em que editoras, escolas, bibliotecas públicas e órgãos governamentais podem aproveitar para discutir a importância da literatura infantil na cultura brasileira, expor os problemas que ela enfrenta, divulgar as histórias bem-sucedidas dela, e realizar o lançamento de novos livros e autores do gênero.
Acima de tudo, o dia 18 de abril comemora a leitura infantil e seu universo lúdico e particular, sem deixar de lado a conscientização dos adultos e das instituições responsáveis pela formação da criança:
“[…] quando os familiares apresentam aos filhos livros de diferentes gêneros literários, e engajam as crianças em situações de leitura e contação de histórias, criam oportunidades de interação verbal, sendo possível esperar que essas práticas contribuam na formação leitora”.|1|
O incentivo à leitura é, portanto, um desafio para pais ou responsáveis, escolas, editoras, enfim, todo um país:
“O desenvolvimento e hábitos permanentes de leitura são um processo constante, que começa no lar, aperfeiçoa-se na escola vida afora, através das influências da atmosfera cultural geral e dos esforços conscientes da educação e das bibliotecas públicas”.|2|
Monteiro Lobato
Monteiro Lobato, ou José Bento Monteiro Lobato, nasceu em 1882, no estado de São Paulo, em Taubaté. Estudou Direito e foi promotor no município de Areias. Quando herdou a fazenda do avô, em 1911, decidiu arriscar-se na agricultura, atividade na qual não obteve sucesso.
Em 1914, publicou os artigos “Velha praga” e “O caboclo e o urupê do pau podre que vegeta no sombrio da mata”, no jornal Estado de São Paulo. Nesses artigos, Lobato acusou o caipira (homem do campo) de ser preguiçoso e inútil. Entretanto a conscientização do escritor veio em seguida, quando descobriu que o homem do interior do Brasil vivia na miséria, com precário ou nenhum sistema de saneamento básico.
Ele entendeu que a “preguiça” do Jeca Tatu (personagem criado para o livro Urupês) devia-se às verminoses de que o caipira era vítima, devido à falta de educação e saneamento básico. Assim, o escritor escreveu artigos em que defendia uma política de saneamento básico no interior do país, publicados no livro Problema vital, em 1918, pela Sociedade Eugênica de São Paulo e pela Liga Pró-Saneamento do Brasil.
Foi dono da Revista do Brasil e criou a primeira editora nacional. De 1927 a 1931, morou em Nova Iorque, como adido comercial. Fundou o Sindicato Nacional de Indústria e Comércio e a Companhia de Petróleos do Brasil. Foi detido em março de 1941 e ficou preso durante três meses. Motivo: em carta ao presidente Getúlio Vargas, acusou o Conselho Nacional de Petróleo de fazer perseguição às empresas nacionais, impedir a exploração do subsolo e contribuir para o monopólio estatal.
Faleceu em 4 de julho de 1948. Em 1958, em Taubaté, foi criado o Museu Histórico, Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato, no casarão do visconde de Tremembé (avô do escritor). Deixou inúmeras obras escritas para o público infantil, que compõem a série Sítio do Picapau Amarelo, e livros para o público adulto, sendo deles os principais:
- Urupês (1918): contos
- Cidades mortas (1919): contos
- Negrinha (1920): contos
- O presidente negro (1926): romance
Em 2010, o Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou um parecer que gerou a crítica de especialistas em educação e literatura, que entenderam que seu conteúdo configurava-se em uma censura ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, por tal obra possuir comentários desrespeitosos em relação às pessoas negras. Diante da polêmica, o parecer, em 2011, foi reescrito pelo CNE para eliminar qualquer interpretação de censura.
O escritor Moacyr Scliar (1937-2011), em artigo no jornal Zero Hora, comentou sobre o fato:
“Escritores não são necessariamente sábios, não estão livres de ideias equivocadas, como mostra o caso daqueles que aderiram ao nazismo e ao stalinismo, mas daí a censurar obras, como pretendia a proposta apresentada ao CNE, vai uma distância muito grande, sobretudo porque a censura sempre é condenável. Importante é fazer uma leitura crítica, a partir de notas acrescentadas às edições originais e a partir, sobretudo, da escola. Proposta que Jeca Tatu, do alto de suas botinas, aplaudiria com entusiasmo.”
Leia também: A representação do negro na literatura brasileira
Cinco grandes obras da literatura infantojuvenil
São muitas as grandes obras da literatura infantiojuvenil produzidas no mundo inteiro, no passado e na contemporaneidade. Selecionamos aqui cinco delas para que você possa ter uma ideia da importância desse tipo de literatura.
1. O meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos
O meu pé de laranja lima, do escritor brasileiro José Mauro de Vasconcelos (1920-1984), é um clássico da literatura infantojuvenil nacional e um campeão de vendas. Publicado pela primeira vez em 1968, conta a história do menino Zezé e seu amigo vegetal Minguinho, o pé de laranja lima, com quem desabafa, pois seu mundo não se restringe à fantasia infantil. Zezé vive uma dura realidade: a violência doméstica. Realidade amenizada pela sensibilidade e carisma do protagonista e por sua amizade com Manuel Valadares, o Portuga.
2. Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll
A obra Alice no País das Maravilhas, do escritor britânico Lewis Carroll (1832-1898), é um clássico da literatura infantojuvenil. Alice, para fugir de uma realidade monótona, segue o coelho apressado e entra em um mundo fantástico, ou maravilhoso, do sonho. Escrito no século XIX, o livro continua atual, pois apresenta caráter universal: a oposição entre a fantasia e a realidade e, consequentemente, entre a infância e a vida adulta.
Esse livro inspira a pensar que, ao mesmo tempo em que a fantasia é fuga devido à incapacidade de suportar o real, é também inspiração para transformar a realidade em algo maravilhoso. Além disso, a obra convida o leitor e a leitora a buscarem o fantástico, o maravilhoso, na própria realidade tediosa, convite aceito por Alice e tantas outras crianças e jovens.
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3. As aventuras de Pinóquio, Carlo Collodi
O livro As aventuras de Pinóquio, do escritor italiano Carlo Collodi (1826-1890), também foi escrito no século XIX, é um clássico da literatura infantojuvenil e sobrevive devido à universalidade de sua temática. A obra conta a história de Gepeto, que, ao deparar-se com um pedaço de pau falante, decide fazer dele um boneco de madeira. A partir de então, o boneco Pinóquio necessita aprender a ser um menino, a ser humano, a ser gente. Para isso, precisa saber lidar com as adversidades e perigos da vida, fazer escolhas e pagar por elas.
4. O mágico de Oz, de L. Frank Baum
A obra O mágico de Oz, do escritor americano L. Frank Baum (1856-1919), conta a história de Dorothy (dona do cachorro Totó) e seus três amigos: o leão, o homem de lata e o espantalho. Menina e amigos têm cada um seu sonho, que se torna o motivo de suas vidas, simbolizadas pela estrada de tijolos amarelos, que os personagens devem seguir para encontrar o mágico de Oz, na Cidade das Esmeraldas, o único capaz de realizar tais desejos.
A história apresenta certa semelhança com Alice no País das Maravilhas. Em ambas, há uma passagem do mundo real para o mundo da fantasia. No caso de Dorothy, não é a curiosidade que leva ao maravilhoso, como ocorreu com Alice ao seguir o coelho, mas um ciclone que transporta a personagem Dorothy e seu cão para o mundo de Oz. Se Alice perambula, sem objetivos, por um mundo caótico que metaforiza o seu processo de crescimento, Dorothy tem um objetivo claro: encontrar o caminho de casa.
5. Viagem ao centro da Terra, de Júlio Verne
No livro de ficção científica do francês Júlio Verne (1828-1905), Viagem ao centro da Terra, o jovem Axel e seu tio, o professor, geólogo e mineralogista Otto Lidenbrock, fazem uma expedição ao interior da Terra, um lugar fantástico, em que há luz, ilhas, oceano, dinossauros e novas espécies de animais, além de outras maravilhas. Um livro cheio de aventuras, que aguça a mente do leitor, de forma a fazer com que ele pense na possibilidade de mistérios da natureza ainda não desvendados pela ciência. Na obra de Verne, a ciência é atrelada à imaginação, e por isso ela é fascinante.