Mal atinge 20% de crianças e jovens. No DF, pacientes são tratados nos ambulatórios de endocrinologia da rede pública de saúde


A obesidade é causada por diversos fatores e preocupa, principalmente, porque pode gerar outras doenças. Na infância, deve ser tratada o mais rápido possível, a fim de evitar que o indivíduo desenvolva problemas de saúde para o resto da vida.

Atualmente há cerca de 250 pacientes, entre crianças e adolescentes, tratados nos ambulatórios de endocrinologia da rede pública de saúde. Os locais que acompanham pessoas com obesidade são os ambulatórios dos hospitais regionais de Taguatinga (HRT), Sobradinho (HRS), Gama (HRG), Ceilândia (HRC), Hospital da Região Leste (HRL) e Hospital da Criança de Brasília (HCB).

 

“Hoje, estão em acompanhamento na Secretaria de Saúde adolescentes com altos índices de massa corporal. É uma situação preocupante, pois afeta vários aspectos da saúde física e mental desse público” – Eliziane Leite, Referência Técnica Distrital (RTD) de Endocrinologia e Diabetes

 

“As crianças e adolescentes são identificados pelo pediatra ou médico da família para agendar consulta com o endocrinologista pediátrico”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) de Endocrinologia e Diabetes, Eliziane Leite.

Ela ressalta que a obesidade e o sobrepeso atingem, aproximadamente, 20% das crianças e adolescentes. “Hoje, estão em acompanhamento na Secretaria de Saúde adolescentes com altos índices de massa corporal. É uma situação preocupante, pois afeta vários aspectos da saúde física e mental desse público em particular”, avalia.

Além dos ambulatórios, a população conta com atendimento com as equipes de saúde da família. Nas unidades básicas de saúde é oferecido o primeiro atendimento e acompanhamento nutricional. Havendo necessidade após uma avaliação, o paciente poderá ser encaminhado para um centro especializado.

Acolhimento no Cedoh

O Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh), localizado na Asa Norte, também atende crianças e adolescentes de todo o DF, pelo encaminhamento via regulação. De acordo com Alexandra Rubim, endocrinologista e gerente da unidade, desde 2019 já foram atendidas 49 famílias de crianças que fazem tratamento na unidade, além de 42 de adolescentes.

Em 2021, começaram o tratamento 39 crianças, mas apenas 20 continuaram. Entre os adolescentes, dos 26 que iniciaram o acompanhamento, somente 12 seguiram nele. O cuidado contra a obesidade infantil é feito com a endocrinologista pediátrica, além da equipe multidisciplinar composta de nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, assistente social e profissionais da enfermagem.

“As famílias dessas crianças e adolescentes recebem o nosso acolhimento e também participam do acompanhamento, pois são parte essencial para o sucesso do tratamento, já que todos em casa devem mudar os hábitos alimentares e de vida”, destaca.

O atendimento para crianças e adolescentes é semelhante ao de adultos e passa por cinco fases. São elas: consulta inicial com endocrinologista; acolhimento por aplicativo; cinco oficinas educativas on-line semanais; atendimento individual e oficinas de manutenção, além da alta para continuar o tratamento com o endocrinologista pediatra.

A médica Alexandra esclarece que no tratamento contra obesidade é esperada uma média de até 50% de desistência dos pacientes e, no caso dos adolescentes, a taxa às vezes é até maior.

 

“(A adolescência) É a fase mais difícil dos pais controlarem, pois eles têm mais liberdade para sair. (…) Além disso, muitos fogem da dieta quando estão sozinhos, é bem complicado”
Alexandra Rubim, endocrinologista e gerente do Cedoh

 

“É a fase mais difícil dos pais controlarem, pois eles têm mais liberdade para sair. Às vezes tem o preconceito na escola por parte dos colegas, a vergonha de falar do tratamento, a relutância em tomar os medicamentos necessários. Além disso, muitos fogem da dieta quando estão sozinhos, é bem complicado”, destaca a médica.

Mãe e filho

A advogada e técnica em enfermagem Meirianny Arruda Lima, 45 anos, faz tratamento contra a obesidade no Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh). Ela iniciou seu acompanhamento no ambulatório de Endocrinologia do Hospital Regional da Asa Norte um ano após o início do tratamento do filho Davi Lima Souto, hoje com 12 anos.

Cinco principais fatores para a obesidade infantil - Qualicorp

“Meu filho começou a engordar depois dos 8 anos. Ele estava muito acima do peso e busquei tratamento médico para ele. Como eu ia às consultas e também estava obesa, a médica que o acompanhava me incentivou a buscar atendimento para mim também. Depois de um ano fui chamada e comecei a minha saga contra a obesidade”, relata.

Meirianny está muito feliz com o tratamento, pois em março deste ano pesava 125 kg e, agora, 108 kg, uma redução de 17 kg. Segundo ela, as oficinas com psicólogos, nutricionistas e endocrinologista contribuem muito para se manter motivada e não sair da dieta.

“Ter essa rede de apoio com a gente faz a diferença e me deixa mais segura, pois eles estão sempre presentes nos orientando. No meu caso, tenho que estar sempre focada, pois tenho uma lesão na coluna e minhas atividades físicas são limitadas. O tratamento aqui é muito humanizado. Eles avaliam o indivíduo em todo o seu contexto e não apenas a doença”, afirma.

Hoje, o filho de Meirianny está finalizando o acompanhamento, também no Cedoh. Ele saiu da obesidade para o sobrepeso. Por ser adolescente, mesmo após a alta terá consultas de rotina com a endocrinologista pediatra.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF