Fica a pergunta: Por que os desmaios acontecem?


Nas últimas semanas, viralizou nas redes sociais um vídeo em que a mãe desmaia ao ver a filha vestida de noiva minutos antes da cerimônia. Outros vídeos, também de casamento, circulam nas redes sociais em que a noiva, ou até mesmo o noivo, desmaiam durante a celebração do matrimônio. Mas, por que isso acontece?

O neurologista do Instituto de Neurologia de Goiânia, Vicente Mamede, explica que, diversas situações podem ocasionar desmaios desde as mais simples, como desidratação, reação emocional intensa, quedas repentinas na pressão, até as mais graves, que envolvem as causas cardiológicas, arritmias, e, em menor frequência, alguns tipos de crises epilépticas.

O especialista conta que pessoas com níveis emocionais reduzidos, sendo elas mais ansiosas e depressivas, tendem a desmaiar com maior facilidade em casos com gatilhos específicos. Segundo ele, quando a pessoa sente que pode desmaiar, pode-se evitar acidentes graves com algumas atitudes.

 

“Se o desmaio for precedido de sintomas perceptíveis, a pessoa pode procurar sentar-se ou deitar-se, de modo a se proteger de quedas e facilitar, desta forma, maior fluxo sanguíneo ao cérebro. Outras posições incluem cruzar as pernas em pé, cruzar as pernas sentado, agachar-se com um dos joelhos apoiados no chão e o outro elevado”, detalha o neurologista

 

Dr. Vicente aconselha para que, após o desmaio, assim que a pessoa recuperar a consciência, levante-se devagar e procure hidratação abundante. Nos casos em que a consciência demora para retornar, após o despertar, o neurologista recomenda que a pessoa busque auxílio médico em um pronto-atendimento.

Como ajudar? Quais as causas?

Pessoas em volta podem auxiliar de modo a segurar a vítima, que está prestes a desmaiar, para que ela não se machuque. Outra recomendação é checar os pulsos principais para verificar se não há uma parada cardiorrespiratória e, em caso de ausência de pulsos, chamar auxílio. Segundo Vicente, outros fatores devem ser observados por quem está por perto

“Em alguns casos, no desmaio, a redução de fluxo cerebral pode ocasionar baixa quantidade de oxigênio e isso pode desencadear uma crise convulsiva secundária. Nesses casos, as pessoas próximas devem estabilizar a cabeça do paciente lateralizada, evitando que vômitos sejam aspirados, e de forma alguma colocar dedos na boca da vítima convulsionando”, alerta Mamede.

O neurologista alerta que as principais causas de desmaios são de origem metabólica e cardiológica, mas faz parte da investigação a busca por certos tipos de crises epilépticas que simulam desmaios, bem como a síncope vasovagal.

“Todo desmaio recorrente deve ser investigado. A causa pode ser mais simples, como a síncope vasovagal, em que apenas orientações e mudanças no estilo de vida podem evitar novos episódios, porém sempre devem ser excluídas causas mais graves”, conclui Vicente.

Problemas no coração também podem ser causas de desmaios

O cardiologista do Hospital São Francisco de Brasília, João Paulo Velasco Pucci, explica que as doenças cardiovasculares mais comuns para causar o desmaio são as chamadas síndromes vasovagais, que é a perda transitória da consciência, provocada pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago.

De acordo com o especialista, isso ocorre pela demora na chegada de sangue ao cérebro. Os primeiros sinais são: fraqueza, transpiração, palidez, calor, náusea, tontura, borramento visual, dor de cabeça ou palpitações. Segundo ele, alguns exames podem auxiliar no diagnóstico.

“Normalmente os exames de rotina norteiam a condução do diagnóstico médico, desde o exame clínico, ecocardiograma, MAPA, Holter, o Tilt Test, que é muito importante na investigação da síncope vasovagal, e até o estudo Eletrofisiológico, considerado padrão ouro para o diagnóstico de síncopes relacionadas à arritmias cardíacas”, conta Pucci.

De acordo com o cardiologista, o desmaio pode representar um importante risco a saúde geral, pois quando ocorre subitamente pode levar à quedas da própria altura com possibilidade de traumas diversos.

“Quando relacionado à arritmias cardíacas por exemplo, pode existir risco de morte súbita sendo o desmaio o único sintoma presente. Nestes casos, há extrema urgência de investigação, diagnóstico e intervenção por parte de um especialista em arritmias”, conclui o especialista.