Celebração é a segunda maior da região administrativa, atrás apenas da Via Sacra do Morro da Capelinha, e é considerada patrimônio cultural imaterial


O zootecnista Gustavo Caldeira, 39 anos, ainda era um menino quando começou a participar da Festa do Divino Espírito Santo, em Planaltina. Neste ano, a celebração completa 142 anos mobilizando milhares de fieis com as tradicionais missas, novenas e a cavalgada. O Governo do Distrito Federal (GDF) investe mais de R$ 1,2 milhão na realização da folia, por meio da Secretaria de Turismo (Setur).

“É uma tradição da família. Participaram primeiro meus bisavós, depois meus avós, meus pais, eu e meus irmãos, até chegar nos nossos filhos. Meu filho mais novo fica tão animado que nem consegue ir para a escola, e minhas filhas também participam, cada uma em uma função”, conta Gustavo, que tira férias no trabalho para se dedicar integralmente à organização da folia. “Fico na cozinha, cortando carne e cozinhando, mas ajudo em tudo que for preciso, até na decoração”, revela.

A Festa do Divino Espírito Santo, em Planaltina, completa 142 anos mobilizando milhares de fieis; GDF investe mais de R$ 1,2 milhão na realização da folia | Fotos: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

O organizador da folia, Frederico Caldeira, conta que a Festa do Divino começou em Portugal e chegou ao território brasileiro ainda nos séculos 17 e 18. “É uma festa que está dentro da raiz de cada planaltinense, tanto os que nasceram aqui como os que vêm de fora e se apaixonam pela Festa do Divino. É uma tradição que é passada de pai para filho, de avô para neto, e é tão bonita que mesmo os que não moram mais aqui voltam para participar da folia”, pontua.

O zootecnista Gustavo Caldeira participa da Festa do Divino Espírito Santo desde pequeno: “É uma tradição da família”

“As nove igrejas da cidade celebram a Festa do Divino Espírito Santo. No sábado, as paróquias se reúnem para o Encontro das Bandeiras, que é um momento de unidade da população e o ápice de celebração”, ressalta Caldeira. “Do primeiro ao décimo dia, que é o domingo de Pentecostes, temos a alvorada, às 5h30, que é um momento de oração. Às 19h, temos a missa na paróquia de São Sebastião e depois a novena. Em seguida, sai o cortejo para a casa de um morador e fazemos mais uma novena”, explica.

Em todos os dias de celebração, há oferta de refeições para os devotos. Para o almoço deste sábado (18), servido após a cavalgada, foram preparados cerca de uma tonelada de carne cozida, 300 kg de arroz, 300 kg de gueroba – um tipo de palmito conhecido pelo amargor – e 200 kg de feijão. São esperadas mais de 6 mil fieis, que poderão se alimentar à vontade.

Mais de 800 pessoas estão envolvidas na logística da festa. A estudante Fernanda Alarcão, 40, fica na parte da montagem das embalagens para os alimentos. “Essa festa é uma paixão minha, é muito importante para o meu crescimento espiritual. É uma semana em que eu coloco Nossa Senhora na minha casa e venho servir junto com meus filhos”, conta.

Para a estudante Fernanda Alarcão a festa é um momento de crescimento espiritual: “É uma semana em que eu coloco Nossa Senhora na minha casa e venho servir junto com meus filhos”

Preparação

Para que a festa ocorra de modo perfeito, a preparação da comunidade religiosa começa meses antes, com coleta de doações – seja em dinheiro, em alimentos ou equipamentos. A Administração Regional de Planaltina oferece suporte aos organizadores por meio da manutenção da infraestrutura urbana e rural, com serviços como pintura de meio-fio, roçagem e pavimentação, entre outros.

“É uma festa anual que celebra a fé e a cultura católica, trazendo desenvolvimento econômico para Planaltina. Recebemos milhares de turistas, vindos de outras cidades do DF e também de Goiás”, comenta o chefe de gabinete da Administração Regional de Planaltina, Rodrigo Batista Figueiredo.

A Festa do Divino Espírito Santo de Planaltina relembra a descida do Espírito Santo sobre os 12 apóstolos de Jesus Cristo, em Pentecostes, sete semanas após a Páscoa. A celebração é a segunda maior da região administrativa, atrás apenas da Via Sacra do Morro da Capelinha, e foi instituída patrimônio cultural imaterial por meio do Decreto nº 34.370, de 17 de maio de 2013.