
Professora do curso de Psicologia do UNICEPLAC destaca riscos e cuidados para motoristas
“Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana” é o tema da campanha Maio Amarelo deste ano. Criado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, o movimento internacional tem como objetivo conscientizar condutores e pedestres sobre a importância de respeitar as leis de trânsito para evitar acidentes e, assim, reduzir o número de mortos e feridos. No Brasil, o anuário da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado em abril de 2025, revela que 6.160 pessoas morreram e 84.526 ficaram feridas em acidentes de trânsito em 2024.
Causas relacionadas à saúde mental dos motoristas brasileiros também ganham destaque quando se fala em cuidados no trânsito. Segundo levantamento da PRF em parceria com a Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), problemas de saúde mental foram responsáveis por 30% dos sinistros em rodovias federais brasileiras em 2024. Esses dados reforçam a necessidade urgente de cuidar da saúde física e emocional de quem está ao volante.
“A saúde mental influencia diversos contextos da vida humana, e com o trânsito não seria diferente. Aspectos ligados à atenção e variáveis da personalidade — que determinam maior ou menor tolerância para dividir espaços e seguir regras — impactam diretamente nossa vivência no trânsito. Se o nosso humor está alterado e aspectos globais do nosso desenvolvimento estão prejudicados, toda interação ao dirigir sofre as consequências”, explica a psicóloga Yasmim Magalhães, professora mestra do curso de Psicologia do Centro Universitário UNICEPLAC.
O aumento dos episódios de brigas, discussões e lesões corporais no trânsito reflete os efeitos da ansiedade, da depressão e da deterioração da saúde comportamental. De acordo com a psicóloga, todos os transtornos mentais que afetam a consciência, a atenção ou o controle dos impulsos aumentam os riscos para motoristas.
“No entanto, cabe lembrar que nem sempre essas pessoas estão em crise. Transtornos como TDAH, que geralmente prejudicam a capacidade de organizar e concluir tarefas; demências que causam desorientação e perdas globais de funções psíquicas; transtornos neurológicos que levam ao rebaixamento ou à perda abrupta da consciência; além de alguns transtornos de personalidade e estados depressivos graves, também podem implicar em comportamentos de risco no trânsito”, destaca.
Entre os sinais de risco que os familiares podem observar, a psicóloga ressalta: “alterações de atenção que resultem em falhas evidentes na execução e conclusão de tarefas; comportamento impulsivo; atitudes agressivas que demonstrem imprudência e violência contra si e contra os outros; além de manifestações delirantes, que podem gerar julgamentos falsos ligados a conteúdos megalomaníacos, entre outros fatores que fomentam atitudes perigosas no trânsito”.
Prevenção
Entre os cuidados e prevenção, empresas de transporte e frotas corporativas podem desempenhar um papel vital na promoção da saúde mental dos motoristas. Oferecer acesso a serviços de apoio psicológico, realizar avaliações regulares de saúde mental e promover um ambiente de trabalho saudável são medidas que podem reduzir significativamente os riscos nas estradas. “Motoristas individuais também podem adotar práticas para cuidar da saúde mental.
Praticar técnicas de relaxamento, manter uma rotina adequada de sono, evitar o uso de substâncias prejudiciais e buscar ajuda profissional quando necessário são práticas recomendadas. A conscientização sobre os próprios limites e a importância do autocuidado são fundamentais para uma condução segura”, conclui a psicóloga e professora Yasmim.