Primeira edição do Festival Horizonte de Histórias reúne contadores e contadoras de histórias do Distrito Federal. Eles apresentarão 24 narrativas

 

Quem não ama uma boa história? Seja qual for a plateia, a narração de um enredo tem o poder de potencializar a força de um texto por meio do olhar, do tom de voz e dos movimentos corporais. Para que essa magia aconteça na cabeça de cada um, vale tudo: a imaginação é a fronteira. O contador de histórias é uma figura ancestral, presente no imaginário de inúmeras gerações ao longo da história. Em um universo desprovido de recursos midiáticos, este ser era imprescindível para a formação dos futuros adultos.

“As histórias não têm fim” é a máxima que move o 1º Festival Horizonte de Histórias, que começa amanhã e vai até o dia 21 deste mês, no canal do YouTube Instituto Cidade Céu. Aos sábados e domingos, contadores e contadoras de histórias do Distrito Federal movimentam 24 narrativas que estão sendo gravadas no Teatro Verônica Moreno, do Complexo Cultural de Samambaia.

O projeto surgiu da parceria entre o grupo Paepalanthus, que possui uma longa trajetória em contação de histórias, e o Instituto Cidade Céu, voltado para projetos que proporcionam o acesso à arte e à educação. “Acreditamos que a união de ideias e a vontade de realizá-las é o que move nosso objetivo de propagar a arte, a educação e a cultura”, defende o ator e produtor Jones Schneider, 54 anos, fundador do Instituto Cidade Céu.

A ideia surgiu pela necessidade de unir as pessoas pelo lúdico. “Em meio ao caos provocado pela pandemia e incertezas que o país atravessa, achamos que poderíamos trazer um pouco de leveza e esperança por meio das narrativas”, explica Jones. O projeto é voltado para todos os públicos e idades. “A contação de histórias pelos contos e “causos” aproximam as pessoas pela imaginação, além de promover o gosto e o hábito pela leitura. Nos dias atuais, o encontro virtual se tornou mais frequente e, por isso mesmo, não poderíamos deixar de concluir esta 1ª etapa”, reforça o fundador

Sempre viva

Sob os olhos e ouvidos atentos dos espectadores, as contadoras de histórias do grupo Paepalanthus dão vida às palavras e personagens de contos, poemas e crônicas, além de transportarem os ouvintes até as páginas dos livros e fomentarem o hábito da leitura. O grupo existe há 11 anos e é formado por cinco contadoras: Miriam Rocha, Simone Alves, Iclelia Maranhão, Aldanei Menegaz e Rose Costa. Nome de uma flor típica do cerrado, Paepalanthus significa “sempre viva”. Elas carregam esse nome com o intuito de manter viva a arte de contar histórias.

A professora e contadora de história Simone Alves Carneiro de Sousa, 49 anos, diz que as histórias para o 1º Festival Horizonte de Histórias são variadas e abrangentes. “Teremos contos autorais, das escritoras Rose Costa, Nyedja Gennari e Hozana Costa, e o restante do repertório, em sua maioria, é composto por contos populares”, afirma.

Simone explica que as histórias transitarão entre todos os gêneros literários, mas que há preferência pelos contos populares, enquanto manifestação cultural da sociedade. “Acreditamos que as histórias de tradição oral proporcionam contato com profundas verdades. Suas tramas e metáforas lhes conferem uma sutileza, que nos leva a estar na história: não são sobre eu ou você, mas sobre personagens onde nos vemos espelhados”, ressalta.

Para Simone, o festival é uma oportunidade de afastar os medos que surgiram com a pandemia. “Contar histórias é criar pontes que nos unem e nos aproximam. O festival é uma ação que nos lembra que, podemos não estarmos todos em um mesmo barco, mas estamos em um mesmo mar: um mar de histórias”, acredita. O festival foi pensado como uma contribuição cultural a toda sociedade, no intuito de amenizar tantas mazelas que são enfrentadas. “Acreditamos que as histórias são bálsamos para os males do corpo e da alma, que costumam se manifestar juntos”, completa.

Estilos

Os contos populares aquecem o coração da contadora Míriam Rocha, 53. De acordo com ela, as histórias são ouvidas para que elas escolham seus contadores. “Esse ouvir pode ser pela voz de outro narrador ou pela nossa própria voz enquanto pesquisamos os contos. Quando surge uma cumplicidade entre o contador de histórias e o conto, é porque a história nos escolheu. Então, passa a fazer parte do nosso repertório”, defende.

Saber que haverá alguém assistindo e que muitos se sentirão tocados pelas histórias é o que inspira Míriam. “Acredito que as histórias curam, acalentam e modificam as pessoas. Por isso, a contação de histórias se faz necessária cada dia mais. Atualmente, há tanta violência, individualismo, preconceitos e intolerância. O festival torna-se de extrema importância no momento de isolamento social, onde todos tivemos que mudar nossa rotina”, reforça a contadora.

A professora, escritora e contadora Rose Costa, 59, diz que seu estilo é voltado às crianças. “Em função de muita leitura e memória afetiva das minhas vivências da infância, a imaginação se aduba e fica fértil”, diz. Para a escritora, as histórias funcionam como um antídoto contra a tristeza do isolamento. “Incentiva a leitura e nos coloca num lugar de beleza, que a vida carrancuda rouba da gente”, pondera Rose. Então, senta lá, que lá vem história.

Programação

Happy-hour com histórias
• Sempre aos sábados, às 19h

Domingo Encantado
• Sempre às 10h

Dia 6
• O baú de histórias
• Eu não sou uma mulher?
• Zabelinha
• O caso do espelho

Dia 7
• A casa do coelho
• O tangolamango dos
contos de fadas
• A sopa de pedra
• Quanto vale o seu sorriso?

Dia 13
• O melhor contador de histórias
• A força de uma tartaruga
• O boiada de cachorros
• Natividade

Dia 14
• A celha e o gato
• A senhorinha
• Fofoca reversa
• O coelho, a baleia e o elefante

Dia 20
• Os três olhares
• De morte
• O jardim mágico
• Strega nona

Dia 21
• Tô fraca… tô fraca
• O jabuti e a fruta amarela
• O lobo e os sete cabritinhos
• A história da coca

Festival Horizonte de Histórias
Gratuito e transmitido pelo canal no YouTube do
Instituto Cidade Céu. Mais informações: institutocidadeceu@gmail.com