Na última sexta-feira, o tradicional restaurante da capital federal completou 55 anos. Mesmo em meio à pandemia e suas restrições, o clima é de comemoração para a equipe



São 55 anos de uma trajetória que anda lado a lado com a história de Brasília. E, se depender dos donos do Bar Beirute, tem muito por vir. Na última sexta-feira, o tradicional restaurante completou 55 anos de existência. Embora esse aniversário ocorra em meio à pandemia da covid-19, o clima que predomina é de comemoração e esperança de dias melhores.

À frente do estabelecimento desde 1970, o cearense Francisco Marinho, 83 anos, mais conhecido como Chiquinho, se enche de orgulho ao falar do espaço e acredita num novo tempo para capital federal. “Estamos vivendo uma turbulência, mas é como falam: ‘Deus é brasileiro’. Vamos acreditar no arquiteto maior e ter esperança que tudo vai melhorar”, diz.

Filho de Chiquinho, Francisco Emílio, 43, fala do desafio de se manter ativo no mercado, acompanhar as inovações tecnológicas, sem perder a essência do bar. “Falamos muito da história do Beirute, mas precisamos pensar para frente também. A gente busca trabalhar isso dentro da equipe, que é oferecer os produtos que desenvolvemos, sabendo que temos uma história, mas olhando para um mundo que hoje é totalmente digital”, destaca.

Para ele, conseguir juntar tudo isso em um só lugar reflete no sucesso do espaço. “Fazemos essas conexões e queremos que se fortaleça cada vez mais, sobretudo no mundo plural em que vivemos”, completa.

Conhecido como o bar das tribos por receber e agradar públicos de todos os tipos, o Beirute mantém clientes fiéis há anos, é o caso do aposentado Fernando Fonseca, 68. Morador da Asa Sul, ele frequenta o estabelecimento desde a década de 1970. O envolvimento com o espaço foi tanto, que chegou a escrever dois livros sobre a história do bar.


Francisco Marinho, mais conhecido como Chiquinho, e o filho, Francisco Emílio: tradição e inovação fazem parte do DNA do bar que é sucesso em Brasília desde a inauguração -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)


Os exemplares não foram comercializados, eles eram entregues aos clientes. “À época, ainda não tinha pandemia, então era muita felicidade. Hoje, me entusiasmei tanto que fiz uma mesa na minha casa igual à do Beirute e peço comida de lá. Me sinto como se estivesse lá. A importância dele para a cidade é inegável. O Beirute é Brasília”, declara.

Para a estudante de comunicação Luíza Arruda Queiroz, 23, o Beirute é um lugar de boas memórias. Ela frequenta o bar e restaurante desde a infância, quando ia com a família. As lembranças são dos almoços aos domingos, depois de curtir a manhã no Clube de Vizinhança. “Eu amava ficar no parquinho. Lembro dos garçons que sempre davam um pirulito de coração, e aquilo ficou marcado para mim.

Tenho menos da metade da idade do Beirute, mas ele é muito especial, porque lembra minha infância e minha família”, revela. Mesmo com a pandemia, a jovem segue cliente do restaurante, pedindo as comidas por delivery. A última vez que esteve lá, pessoalmente, foi para comemorar a formatura do avô que se graduou em direito, aos 82 anos, em 2019. “Comemoramos muitos momentos emblemáticos lá. É uma parte da essência de Brasília”, destaca.

Querido por todos que o conhecem, o Beirute recebeu muitas celebridades e figuras políticas nesses 55 anos. Passaram por lá o músico Felipe Seabra, a banda Capital Inicial, os atores Murilo Grossi e Alexandre Ribondi, integrantes dos grupos de comédia Os Melhores do Mundo e G7. Além de atletas, como o jogador de basquete Pipoca e o goleiro do Grêmio Paulo Victor. Entre os políticos, Eduardo Suplicy, Cristovam Buarque, Rodrigo Rollemberg, Reguffe, Leila Barros e Arlete Sampaio, foram alguns que estiveram lá.


Bar ícone de Brasília, Beirute completa 55 anos nesta sexta-feira


História

Em 1966, dois árabes, Youssef Sarkis Maaraouri e Youssef Sarkis Kaawai, que haviam acabado de chegar à Brasília, decidiram comprar uma loja na esquina da 109 Sul, para montar um restaurante. Batizado de Beirute Bar e Restaurante, o estabelecimento foi inaugurado em 16 de abril de 1966.

Passados alguns anos, em dezembro de 1970, os irmãos Bartô, que morreu em 2001, e Chico começaram no Beirute como garçons. Ao saberem do interesse dos então proprietários de venderem o bar, fizeram uma proposta. No Natal daquele ano, a dupla cearense assumiu o negócio. A notícia correu pela cidade e começou um movimento de apoio aos garçons, para conseguir honrar a proposta de compra feita.

À época, o restaurante voltou a ter grande movimento e, em pouco tempo, Chico e Bartô começaram a caminhada para o sucesso do bar. Hoje, além do espaço na 109 Sul, há uma unidade na 107 Norte, inaugurada em 2007.