Quando se fala no projeto de Brasília, ao lado de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, também figura o nome do artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx
Entre o desenho urbano do Plano Piloto realizado por Lúcio Costa e os monumentos delineados por Niemeyer, ficou a cargo do paulistano Burle Marx dar vida aos espaços abertos da cidade. Nove dos jardins planejados por ele, na capital do Brasil, foram tombados pelo governo do Distrito Federal em 27 de setembro de 2011.
Burle Marx conheceu Lúcio Costa quando morava no Rio de Janeiro. Na época da construção de Brasília, o paisagista aceitou o desafio de planejar as áreas livres e abertas do Plano Piloto, começando pelo Eixo Monumental. Também fez o projeto de Parque Zoobotânico, que estava previsto para ocupar o local onde hoje está o Estádio Nacional de Brasília.
Entre as áreas tombadas, estão: Superquadra Sul 308, Praça dos Cristais, Palácio da Justiça, Tribunal de Contas da União, Teatro Nacional e Parque da Cidade. O paisagista também é responsável pelos jardins da residência oficial do vice-presidente, o Palácio do Jaburu. Todos da década de setenta.
O grande legado de Burle Marx foi incluir no seu trabalho plantas da biodiversidade brasileira, valorizando a flora nativa. Em 1971, recebeu a Comenda de Ordem do Rio Branco, em Brasília.
Alguns jardins foram degastados com o tempo. Em 2007, a Praça dos Cristais passou por uma restauração e foi reinaugurada dois anos depois em homenagem ao centenário de Burle Marx.
Os lugares que foram tombados são:
Superquadra 308 sul
A quadra modelo do Plano Piloto, foi fundada em 1962 e segue os padrões imaginados do plano original, sendo um ícone da cidade. Todo o conjunto paisagístico foi feito por Burle Marx e mantém até hoje boa parte do plano original. O espaço conta com o ‘Parque dos Cogumelos’ e o espelho d’água com as carpas, ambos projetados por ele.
Os jardins do Palácio do Itamaraty
Inaugurado em 1970, o Palácio do Itamaraty foi projetado por Oscar Niemeyer. Ele foi concebido com o objetivo de apresentar o Brasil aos visitantes; nessa ideia, Burle Marx idealizou os jardins interno e externos, para que representassem a natureza brasileira. Dois deles são aquáticos, artifício que o artista usou muito na cidade para compensar o clima seco. Além disso, Marx desenhou a tapeçaria para a ‘Sala Brasília’.
Os jardins do Palácio do Jaburu
A casa do vice-presidente da República, projetada em 1973 e entregue em 1977, tem os jardins assinados por Burle Marx. Parte da proposta do artista foi deixar espécies de plantas nativas do cerrado, além de muitas árvores frutíferas que atraem animais e aves da região.
Jardins da Praça dos Cristais
Localizada no setor militar urbano, a praça dos cristais foi fundada em 1970. Na proposta original foram usadas mais de 50 espécies de vegetais, entre elas o buriti e a palmeira, plantas muito usadas por Burle Marx.
Jardins do Palácio da Justiça
A sede do Ministério da Justiça foi inaugurada em 1972. A parte externa conta com um jardim aquático de Marx, projetado com plantas da Amazônia e um espelho d’água integrado às cascatas do prédio. A maior parte do jardim conta com as plantas e ideias originais, as alterações foram feitas para a adaptação da vegetação ao clima quente e seco típicos de Brasília.
Jardins do Banco do Brasil
Localizado no Setor Bancário Sul, os jardins do Banco do Brasil (BB) tem uma área de cerca de 21 mil metros quadrados. O espaço foi pouco cuidado e perdeu sua caracterização, aos poucos
Jardins do Tribunal de Contas da União
Projetado por Renato Alvarenga, o prédio do TCU foi construído na década de 1970, o espaço de jardim tem mais de 42.000m² entre área interna e externa. Com bromélias, véires, paineiras-branca, grama-coreana e dinheiro-em-penca, o paisagista mesclou plantas do cerrado e de outros biomas brasileiros.
Jardins do Teatro Nacional Cláudio Santoro
Finalizado em 1976, o projeto de Burle Marx buscou fazer uma mistura de plantas nativas e de outros localidades do Brasil, com adição de pedra vulcânica, yucas e agaves para trazer a essência do clima brasiliense. Até antes do fechamento do teatro, as características originais do projeto estavam mantidas.
Fundado em 1978, o Parque da Cidade é um dos maiores projetos de paisagismo de Burle Marx. A ideia original nunca se concretizou, o artista pensou em cinemas, restaurantes e praças, que nunca se concretizaram em sua totalidade.