Os dados do sistema público de saúde indicam ainda que o ataque do escorpião é o mais comum entre os animais peçonhentos


O DF tem registrado mais números de casos de picada de escorpião do que o usual. Segundo os dados da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), só nos sete primeiros meses de 2022, foram registrados 1.090 ataques de escorpião. A quantidade de dias, do início do ano até agora, divido pelo número de casos, indica que, todos os dias, cerca de cinco pessoas são picadas pelo animal. Há oito anos atrás, o DF marcava uma picada por dia. Há quatro anos atrás, o número subiu para três casos diários.

Segundo a bióloga e professora, Ludmilla Franco, 38, existem vários fatos que podem ter contribuído para o aumento desses casos. “Um dos pontos é o crescimento desordenado no DF, com invasões e utilização de áreas de reserva ambiental. Além disso, antes tínhamos uma coleta de lixo diária, hoje temos coleta de 2 a 3 vezes por semana, e escorpiões se alimentam de baratas e besouros. Sem a coleta diária do lixo vem o aumento desses insetos e o escorpião começa a procurar por eles”, explicou.

5 dicas importantes para deixar o escorpião longe do seu ambiente

Em 2021, o acidente com escorpião ocorreu 2.065 vezes e não houve óbitos. Em 2022, também não foram identificadas mortes pela picada, mas somente no mês de julho deste ano, foram 141 casos e até o dia 6 agosto foram 26. De acordo com as últimas atualizações da pasta, a média móvel de casos registrados no DF até o dia 6 foi de 35,9 casos. As regiões com maior incidência são Planaltina, Ceilândia e São Sebastião.

Todo escorpião é venenoso. Eles estão na classe dos aracnídeos, predominantes em zonas tropicais e subtropicais, onde há maior temperatura e umidade. As espécies mais comuns no Distrito Federal são o Tityus serrulatus, conhecido como escorpião amarelo, o Tityus fasciolatus, de patas rajadas e o Bothriurus araguayae, que é preto. Eles vivem entre dois a seis anos e não há inseticida que mate o animal.

“O escorpião amarelo é o mais comum no DF. O ideal é, caso se sinta seguro para isso, colocar um pote em cima dele e um papel por baixo para não entrar em contato com o animal, assim deve levá-lo para um local afastado, onde não tem casas e soltá-lo na natureza”, explicou a professora Ludmilla. Ela ainda ressaltou que é importante não matar o escorpião: “Ele tem uma importância grande no controle de outros animais, se matarmos todos os escorpiões nós vamos gerar um desequilíbrio em outras partes da natureza”.

A picada do escorpião causa dor e calor na região atingida, dormência, formigamento, sudorese e inchaço. Em casos mais graves, pode causar dificuldade para respirar, aumento da pressão arterial, taquicardia, arritmia, espasmos, visão embaçada, vômitos e náuseas. Se não observada, a condição pode levar a óbito. “A picada é perigosa para crianças e idosos. Uma pessoa idosa pode ter arritmia e é extremamente perigoso. Para uma criança, o quadro de vômito intenso também é muito preocupante. Um adulto saudável vai ter desconforto, mas não precisará de uma série de cuidados maiores”, explicou a bióloga Ludmilla.

Israel Pinheiro, biólogo da Vigilância Ambiental da SES, alertou a população sobre como prevenir a aparição do animal: “Primeiramente temos que evitar acumular materiais que sirvam de abrigo ou esconderijo. Restos de materiais de construção, entulho, madeira acumulada ou mato alto. Vale a pena utilizar barreiras físicas que impeçam o acesso do escorpião, como telas nos ralos e janelas, rolos de vedação nas portas e em frestas nas paredes”.

O escorpião injeta o veneno pela cauda que possui um ferrão na ponta. Assim como aranhas, lacraias e serpentes, habita em locais úmidos, onde há lixo, vãos e rachaduras, esgoto e gorduras, além de tubulações de energia e fosso de elevador. É indicado ainda uma visita da equipe de vigilância ao local de avistamento, para realizar vistoria e fazer a identificação de condições para a presença desses animais. Destacamos que as cobras devem ser deixadas para a captura da Polícia Ambiental, assim como as abelhas devem ser retiradas pelo Corpo de Bombeiros.

O Ministério da Saúde (MS) recomenda que diante da picada de um escorpião, a pessoa deve limpar o local com água e sabão e procurar o pronto-socorro, evitando o uso de demais medicamentos ou substâncias sem orientação médica. Vale ressaltar, que atualmente, o soro contra o veneno deste peçonhento está disponível apenas em na rede pública de saúde. No DF, os pacientes podem procurar os hospitais regionais da Asa Norte, Brazlândia, Ceilândia, Paranoá, Guará, Taguatinga, Gama, Santa Maria, Sobradinho, Planaltina e o Hospital Materno Infantil (HMIB).