Os efeitos para a saúde do rebanho e para quem consome os produtos derivados do gado são imensuráveis, segundo o delegado da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), Webert Leonardo Lopes.
A operação atuou em cinco lojas agropecuárias em Goiás, sendo quatro em Goiânia e uma na cidade de Jaraguá, região central do estado. A polícia tinha conhecimento do caso, desde 2018, quando foi feita uma denúncia anônima, com vídeos e áudios que mostravam a venda sem receituário agronômico ou veterinário, e a subsequente recomendação indevida de vendedores e técnicos dessas lojas para uso das substâncias na alimentação bovina.
Os inseticidas
Os agrotóxicos em questão são o Dimilin, TrulyMax e o Copa, todos do princípio ativo diflubenzuron. Na inspeção nas casas rurais, os agentes encontraram, além de grande estoque desses produtos, documentos que indicam vendas em grande volume.
Sanção administrativa
As lojas inspecionadas possuem responsáveis técnicos, segundo a investigação. Ou seja, cada uma delas tem um veterinário e um engenheiro agrônomo que respondem tecnicamente pelo estabelecimento. Diante da evidência de ilegalidade, eles poderão responder, ainda, administrativamente, nos respectivos conselhos de classe.
Estabelecimentos conhecidos
As casas agropecuárias investigadas, até então, são estabelecimentos conhecidos, grandes e que revendem produtos para todo o estado de Goiás. As quatro lojas de Goiânia, por exemplo, ficam no Setor Coimbra, na região da Avenida Castelo Branco, conhecida pela concentração de lojas do tipo.
Venda camuflada
Uma das suspeitas da investigação é que os responsáveis técnicos das lojas agropecuárias alvos da operação praticaram venda camuflada. Sabendo da autorização de uso dessas substâncias somente em lavouras, eles teriam assinado receitas como se os agrotóxicos fossem direcionados para uso na agricultura, mas sabendo que o produtor rural, na verdade, iria utilizá-los na alimentação do gado.
Um dos motivos para o desvio de uso desses inseticidas seria a questão econômica. A investigação da PCGO apurou que eles custam 20% do valor dos medicamentos que deveriam ser utilizados e que são recomendados para o tratamento da mosca-do-chifre. A rentabilidade teria atraído o interesse dos produtores e incentivado a prática da venda ilegal.