A Phrynge Paralímpica é a primeira mascote a representar explicitamente uma deficiência, exibindo uma prótese na perna


Sede dos Jogos Paralímpicos, a capital francesa, que já recebeu os Jogos Olímpicos em 1900 e 1924, mais uma vez foi palco de um evento de grande magnitude. A cidade não só reforça seu legado como uma das capitais esportivas mais importantes do mundo, mas também celebra a inclusão e a diversidade através dos Jogos Paralímpicos, até mesmo na escolha de uma mascote histórica.

A Phrynge Paralímpica é a primeira mascote a representar explicitamente uma deficiência, exibindo uma prótese na perna. O design da mascote se inspira no gorro frígio, símbolo de liberdade na França, e reflete os valores de inclusão, diversidade e a luta por grandes causas que caracterizam os Jogos. Esse gesto reforça a mensagem de que todos podem ser representados no esporte, independentemente de suas condições físicas.
Levando a bandeira do Brasil com orgulho e determinação, a delegação brasileira conta com 279 competidores, entre esportistas e guias, número atrás apenas da edição Rio 2016. Assim como na Olimpíada, o Brasil tem a maior delegação feminina da história com 117 mulheres. Também como nos Jogos olímpicos, a Estácio e o Instituto Yduqs se destacam ao apoiar 42 atletas paralímpicos brasileiros, oferecendo um suporte acadêmico personalizado e flexível, garantindo que os esportistas possam brilhar tanto nas competições quanto em suas jornadas educacionais.
Para Rodrigo Rainha – historiador e docente da Estácio – conforme avançam as edições dos jogos, maior conscientização poderá existir em torno da necessidade de apoio aos atletas paralímpicos. “De um modo geral, percebemos que é necessário o investimento na formação de novos talentos e em projetos sociais que utilizam o esporte como ferramenta de inclusão. Toda a sociedade deve estar comprometida em criar oportunidades para que todos, sem exceção, estejam prontos para o futuro.
Origem das olimpíadas também conta com a diversidade
Segundo Rodrigo Rainha, as olimpíadas tiveram duas formas diferentes de ser vistas no seu início. Uma é mítica em uma história que comemora quando Zeus consegue junto com seus irmãos a vitória sobre Cronos e, por conta disso, era celebrado na disputa entre os deuses aquele que mais poderosamente competiam lado a lado em esportes que marcavam, principalmente, a força e a capacidade atlética. A tradição, no entanto, mostra como diante das disputas das cidades e dos estados sempre que se fazia o festival em Olímpia em homenagem a Zeus, de 4 em 4 anos, possivelmente durante o século oito a nove antes de Cristo.
Os grupos de diversas cidades mandavam seus melhores homens em atividades diversas. Era um momento de paz, em meio ao momento de muitos conflitos. É nesse contexto que surge a Olimpíada, como um momento dos homens lembrarem a celebração, a paz, mesmo diante das suas dificuldades, a vitória chegaria. Somente os vencedores tinham direito a uma premiação e seus nomes ganhavam a ideia de estarem presentes na glória eterna.
Na visão do historiador, o esporte feito principalmente diante de festivais era um momento de paz e em que os povos poderiam se unir, conversar, beber, exaltar seus deuses de maneira ordenada. Vale salientar que as competições esportivas eram praticamente masculinas, mas ainda sim as mulheres participavam no apoio e na preparação.
Discussões como homossexualidade não existiam no mundo grego. As suas práticas e relações com sexualidade eram muito diferentes das leituras contemporâneas. A ideia de que tinham formas e corpos diferentes normalmente não eram associados aos atletas, mas peças de teatro e história contam muitas vezes de sujeitos que, apesar de não terem as formas imaginadas, seja pelo tamanho, seja pela capacidade visual auditiva, ainda assim conseguiram com a ajuda de deuses grandes feitos nas olimpíadas.
Rodrigo Rainha comenta ainda que a construção do esporte sobre ser ou não um processo elitizado é um debate muito interessante, pois isso acontece no primeiro momento, quando somente os grandes nomes das cidades-estados disputavam, no entanto, cidades menores, povos conquistados e grupos próximos ao mundo grego, ainda que não tendo o mesmo reconhecimento, passaram a participar.
Ele chama a atenção, por exemplo, como os macedônios foram permitidos entrarem e disputarem os Jogos Olímpicos, sendo Alexandre, muitas vezes dito que não disputava porque senão ganharia todas as competições, o que é uma forma de ampliar a diversidade de um mundo somente tradicionalmente grego para reunir novos grupos, leituras e etnias. Depois, isso se amplia até os jogos serem proibidos pelo imperador Teodósio, o imperador cristão, que não permitia o culto a outros deuses e isso era uma das marcas dos jogos naquele momento.
76 anos de história de paraolimpíadas
A história dos Jogos Paralímpicos remonta a 1948, em Londres, Inglaterra, quando o neurologista Sir Ludwig Guttmann organizou os Jogos de Stoke Mandeville, um evento esportivo voltado para veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesões na medula espinhal. Coincidindo com os Jogos Olímpicos de Londres, esse evento pioneiro é considerado o precursor dos Jogos Paralímpicos modernos. A iniciativa de Guttmann foi um marco fundamental no movimento global de inclusão por meio do esporte, dando início a uma jornada que culminou na criação dos Jogos Paralímpicos que conhecemos hoje.
Já o termo ” Paralimpíadas” tem sua raiz no prefixo grego “para”, que significa “ao lado”. Essa nomenclatura reflete a ideia de que as competições acontecem paralelamente às Olimpíadas, sublinhando a importância de ambos os eventos no cenário esportivo mundial. Inicialmente, os Jogos eram exclusivos para cadeirantes, mas, a partir de 1976, nos Jogos de Toronto, a inclusão foi ampliada para abranger atletas com diferentes tipos de deficiência. Esse movimento foi um passo decisivo para a expansão e diversidade do evento.
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