Tártatos, doenças periodontais e leões causadas por atritos podem ameaçar a vida dos animais de estimação
Muitas vezes ignoradas pelos tutores, as doenças orais são questões de saúde comuns entre os cães e gatos, apresentando uma alta prevalência na população desses animais. Placas bacterianas nos dentes, conhecidas como tártaro, são um dos principais problemas e, se não tratados adequadamente, podem acarretar consequências graves para a saúde dos pets. Bruno Alvarenga, professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), destaca a importância de prevenir e tratar as doenças bucais em cães e gatos.
Segundo Bruno Alvarenga, o tártaro nos dentes dos animais pode levar a uma série de complicações, incluindo mau hálito, retração gengival, exposição das raízes dentárias, perda de dentes e infecções sistêmicas, arriscando a vida do animal de estimação. O professor alerta que é muito comum que os animais com problemas orais apresentem vermelhidão ocular e tenham dificuldade em se alimentar, entre outras desordens.
Entre os felinos, o especialista destaca que uma condição preocupante é a lesão de reabsorção dentária, que afeta cerca de dois terços dessa espécie. “O diagnóstico dessa desordem é realizado por meio da avaliação clínica em conjunto com a radiografia. O problema pode gerar um processo inflamatório doloroso para o gato e, em muitos casos, o tratamento indicado é a extração do dente afetado”, alerta.
O tratamento das doenças orais em cães e gatos é semelhante ao realizado em humanos, porém os animais necessitam ser anestesiados para que a avaliação e o tratamento possam ser conduzidos de maneira segura. O docente do CEUB afirma que para tratar a doença periodontal, por exemplo, o procedimento inclui a inspeção visual da boca, seguida de radiografia, remoção de placas dentárias, extração de dentes quando necessário e remoção do excesso gengival, além de polimento dentário.
No que diz respeito à prevenção, o médico veterinário enfatiza a importância de criar o hábito de manipular a boca dos pets desde filhotes, para que eles não estranhem ou resistam a essa prática quando adultos. “A escovação dentária com produtos veterinários adequados é essencial, e esse momento pode ser aproveitado para avaliar os dentes, gengivas e a cavidade oral em geral”, reforça.
No caso dos gatos, Alvarenga ressalta que donos de felinos adultos que não possuem o hábito de escovar os dentes de seus animais devem ser cautelosos ao tentar introduzir tal prática, pois pode causar estresse e outras doenças. “Caso o tutor note qualquer vermelhidão na gengiva, presença de placas, dentes fraturados, lesões ou neoformações na cavidade oral, é recomendado buscar orientação e tratamento junto a um dentista veterinário”, recomenda o especialista.
Apesar de existirem diversos produtos e petiscos no mercado que afirmam realizar a “limpeza dos dentes”, Bruno explica que esses são apenas coadjuvantes na prevenção de placas, e a escovação regular ainda é o melhor método. “O tutor deve se atentar a certos produtos, como os ossos grandes, que podem até causar lesões no esmalte dentário dos cães”.
Longevidade e saúde oral pet
A prevenção e o tratamento precoce de questões relacionadas à saúde bucal são cruciais para garantir a longevidade e o bem-estar dos animais. Uma boca doente pode resultar em dor crônica, dificuldade na alimentação e ser a fonte de infecções que podem afetar órgãos como rins, coração, fígado, pulmão e encéfalo. Ao notar qualquer alteração nas condições orais dos pets, os tutores devem prontamente procurar uma unidade de atendimento veterinária com serviço especializado em odontologia.